segunda-feira, 13 de junho de 2011

Introdução à David Ricardo

Inglês, vivendo em plena revolução industrial, David Ricardo é considerado um dos sucessores de Adam Smith na sua teoria econômica, tanto que, muitas de suas análises partem da teoria de Smith.

Ricardo não faz uma discussão filosófica metodológica, como Smith faz, por exemplo, em seu livro “Riqueza das Nações”, mas é certo que tratou dos problemas econômicos de uma forma lógica, sua contribuição com a teoria do valor é unanimidade entre os economistas posteriores. Além do mais, Ricardo diz que o lucro é o fator mais importante para se entender o capitalismo e a expansão econômica.

A distribuição da riqueza também é um dos problemas tratado em suas teorias, nessa ele mostra como a riqueza produzida é distribuída entre salário, lucro e a renda, formulando mais tarde sua “Teoria da Renda da Terra”.

Por último, em suas discussões sobre as leis do trigo (Corn Laws), nasce talvez sua teoria mais famosa, a “Teoria das Vantagens Comparativas”. Ricardo mostra que a proteção da produção de alimentos ingleses menos eficientes aumentava a proporção da renda da terra e dos salários, diminuindo os lucros. Para ele a Inglaterra devia importar alimentos do restante da Europa evitando que terras menos férteis fossem cultivadas, consequentemente, a renda da terra diminuiria, os preços dos alimentos também, diminuindo os salários, fazendo aumentar o lucros.

Teoria do Valor

Ricardo recapitula de forma breve os dois significados para valor dado por Smith. Valor de Uso, segundo sua utilidade. Valor de Troca, segundo seu poder de comprar outros bens, no valor de troca Ricardo faz uma ressalva onde a mercadoria precisa ter utilidade, senão seu valor de troca seria destituído. Neste caso o valor de troca da mercadoria depende de dois fatores: a escassez e a quantidade de trabalho necessário para produzi-la.

Quanto à escassez, a quantidade de mercadorias que estão sujeitas a essa condição é muito pequena em comparação com aquela que depende do trabalho, por isso adota somente a mercadoria que pode ser aumentada por exercício do trabalho, já que esta pode ser reproduzida quase que ilimitadamente e não está influenciada pela escassez.

Ricardo faz uma crítica a Smith, por ele ter adotado o trabalho como medida invariável, fazendo com que o conceito de valor como trabalho necessário e a quantidade que este pode comprar como expressões equivalentes. Ricardo diz ainda que o trabalho é variável e está sujeito ao efeito da oferta e da demanda e a alteração dos preços dos alimentos.

Mas na teoria smithiana, Ricardo encontraria algo para uma formulação correta da teoria do valor. A quantidade de trabalho posta em movimento por uma determinada mercadoria identificava-se com a quantidade de trabalho contido nessa mercadoria. ¹

Ricardo diz ainda que Smith observa a troca da mercadoria por trabalho, já para ele a troca de mercadorias é entre mercadorias.

O valor relativo surge na relação de troca entre diferentes mercadorias, quando uma mercadoria A equivale a uma Quantidade de uma mercadoria B.

Renda da Terra e Lucro

Em sua teoria da renda da terra ele diz o que determina a renda e a importância do que acontece na agricultura, que produz produtos básicos, para a eficiência da economia como um todo. A eficiência da agricultura vai definir a eficiência da economia no geral. A ineficiência da agricultura eleva os salários e eleva os custos da produção e faz cair o lucro geral da economia.

Conforme a população aumenta, a necessidade por alimentos aumenta, fazendo com que novas terras sejam cultivadas, normalmente menos férteis, só que se aplicado o mesmo capital e a mesma quantidade de trabalho, a terra menos fértil vai produzir um produto total inferior.

A origem da renda da terra é a concorrência pelas melhores terras, assim a diferença dos produtos das diferentes terras faz aumentar a renda da terra.

Aqui a agricultura se torna ineficiente porque as terras são escassas, quando é necessário produzir em terras menos férteis, a produtividade cai, elevando a quantidade de trabalho para se produzir, aumenta-se também a renda da terra e diminui o lucro.

Ricardo diz que o que acontece com a taxa de lucro agrícola determina a taxa de lucro industrial pelo custo com os salários, porque se sobem os preços dos alimentos em relação aos preços dos produtos industriais uma quantidade maior de produtos industriais vai ser necessária para adquirir uma quantidade x de alimentos.

O que ocorreu foi que os preços dos produtos agrícolas subiram em relação aos produtos industriais, foi demandada uma quantidade maior de trabalho por parte da agricultura, mas não variou a quantidade de trabalho na indústria. Diminuiu a taxa de lucro industrial e aumentou os salários da indústria, mas o salário na agricultura não variou.

A determinação da taxa de lucro na indústria se dá pela livre mobilidade do capital e pela variação dos preços dos alimentos, já que este último faz variar os salários, o problema é que diferentes industrias produzem com diferentes composições de capital, isso faz com que as variações dos salários na indústria tenha impacto em diferentes taxas de lucro para as diferentes industrias. Isto afeta de maneiras diferentes indústrias que possuem por exemplo mais trabalho direto do que indireto.

Mas pela lógica do sistema não pode haver taxas de lucro diferentes, assim, por exemplo, em uma indústria A e B, onde A foi mais impactada pela queda da taxa de lucro do que B, ela vai ter que aumentar o preço em relação a indústria B, ou a indústria B pode diminuir seu preço relativo a A.

A composição média de capital que vai determinar o valor relativo das mercadorias e o ajuste das taxas de lucro ocorre pela variação dos preços relativos em torno da composição média de capital.

Teoria das Vantagens Comparativas

Como resolver o problema da ineficiência da agricultura, já que qualquer economia que produz um produto básico de forma ineficiente transporta sua ineficiência para todos os setores?

Pelo comércio exterior, onde Ricardo formula sua teoria das vantagens comparativas. Cada país deve se especializar naquilo que produz de forma mais eficiente e deve importar aquilo que produz de ineficiente.

Quando as exportações são maiores que as importações há muitas moedas em circulação, o que aumenta a inflação, para isso não acontecer é necessário aumentar as importações com isso haveria um ajuste automático na economia.


1- 1 - NAPOLEONI, Claudio - Smith, Ricardo, Marx. Rio de Janeiro: Graal, 2000

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Capitalismo Segundo Adam Smith.

Smith é o que podemos dizer de o “Pai da Economia Política”, ele foi o primeiro que nos mostrou os problemas da economia, ele colocou na “mesa” os principais assuntos que são discutidos até hoje, é importante dizer que ele deixou claro os problemas da economia, não que ele os solucionou.

Para entendermos a linha de pensamento de Smith, temos que tomar por base quatro filósofos: Hobbes, Locke, Hume e Hutcheson.

Hobbes acredita que a natureza humana está em um estado de guerra, que o homem busca a satisfação de suas necessidades pelo egoísmo e pela autoconservação.

Para Hobbes o homem conquista riqueza por meio da guerra. E se o homem se libertar a sociedade vai se auto-aniquilar e para isso não acontecer, deve-se criar uma instituição que a controle por meio de leis para assegurar o direito da propriedade, ou seja, o Estado.

Locke segue uma linha liberal, ele diz que existe uma natureza humana, mas o homem é bom e não vive em conflito, o que move o homem é o medo da miséria, por isso ele o previne trabalhando e acumulando propriedades, bens etc. Note que essa acumulação se dá pelo seu próprio trabalho. Para Locke cada um tem direito ao seu próprio trabalho e a sua própria terra, mas essa terra deve ter no máximo o tamanho suficiente para o seu trabalho.

Em Locke, o Estado se resume a segurança da propriedade e não deve interferir no trabalho humano.

Hume também afirma uma natureza humana, só que o que move o homem é tudo o que é bom, útil e agradável. Para Hume, ao contrário do egoísmo como cita Hobbes, os homens têm o sentimento de simpatia, no sentido de benevolência, ou seja, para Hume o homem quer o bem coletivo.

O homem transforma sua riqueza individual em riqueza social, com isso todos iriam enriquecer juntos e caminhar no mesmo caminho. O Estado não deve interferir nas relações humanas , sua única função é dar segurança à propriedade.

Hutcheson, mestre de Smith, afirma que a natureza psicológica humana é formada por um dualismo, onde o homem é ao mesmo tempo egoísta e altruísta. Smith segue essa linha de pensamento e afirma que homem é egoísta no fator econômico, pois busca pelo trabalho um meio de conquistar riqueza, esse seu trabalho cria riqueza individual.

Porém, com o exercício da simpatia, o homem desenvolve uma necessidade de relacionamento social e essa necessidade é manifestada na troca, a troca de diferentes trabalhos entre diferentes pessoas.

A troca é realizada no mercado, daí surge uma das principais idéias de Smith, para ele o mercado é livre, por isso a teoria smithiana segue uma linha liberal.

Smith define capitalismo como libertador, onde o homem pode manifestar livremente sua natureza, onde pelo trabalho e pela relação social é possível gerar riqueza social.

Um exemplo onde podemos ilustrar como a riqueza individual é transformada em riqueza social é o seguinte: Um produtor de sapatos produz seu produto para a sua subsistência e cria um excedente, esse excedente é levado ao mercado para ser trocado. Outro produtor, produz calças para sua subsistência e cria um excedente para ser trocado no mercado. No mercado esses dois produtores vão negociar seus produtos e assim por tanto aquele que tem necessidade de calças irá trocá-las pelos seus sapatos e vice e versa assim, o sapato que o produtor de sapatos produz também é do produtor de calças e suas calças também são do produtor de sapatos.

Por meio dessa dinâmica da troca, é possível a especialização, tomando como base o exemplo dos produtores de sapatos e de calças exemplifico: o produtor de sapatos antes precisava produzir suas calças, camisas, alimentos etc. Com a existência da troca, ele pode satisfazer suas necessidades a partir do mercado e se especializar apenas na produção de sapatos, assim ele produzirá mais e melhores sapatos e em menor tempo, com isso, o produtor de camisas pode fazer a mesma coisa e assim por diante.

Com essa especialização, Smith observa um fato importante na produção, a divisão do trabalho, ele explica o que é a divisão do trabalho a partir de uma fábrica de alfinetes assim resumida: Um operário sozinho talvez não conseguisse fabricar sequer um alfinete em um dia, com a divisão do trabalho dez funcionários empenhados em funções diferente, um desenrola o arame, outro endireita, outro corta, outro afia as pontas, outro coloca a cabeça e outro embala, assim em uma fabricação pequena esse grupo de trabalhadores conseguem em média produzir 48 mil alfinetes em um dia.

Smith coloca a divisão do trabalho como um fenômeno natural, cada um produz parte do produto para que seja gerada riqueza individual e social, com isso é como se cada trabalhador fosse uma engrenagem que contribuísse para o funcionamento geral da máquina.

No que a divisão do trabalho resulta?

A divisão do trabalho resulta no aumento da produção, da produtividade e da abundância. O trabalho produz riqueza, a divisão do trabalho potencializa a produção de riqueza, permite a especialização e a simplificação das tarefas, deixa o custo de produção mais barato e é possível a produção em máxima escala, tudo simultaneamente. Neste caso o trabalho perde a individualidade.

Trataremos agora de outro assunto referente à teoria de Smith. O que é riqueza? Qual é a sua forma?

Smith no capítulo cinco de seu livro “Investigação da Natureza e Causas da Riqueza das Nações”, diz o que diferencia um homem rico do pobre é o grau com que ele consegue satisfazer suas necessidades e desejos, mas com a divisão do trabalho, o homem pouco consegue satisfazer com seu próprio trabalho, portanto um homem é rico pela quantidade de trabalho que ele consegue comprar e ou comandar.

Sua forma é o valor, o valor é a quantidade de trabalho que cada mercadoria possui. Então o que difere o couro do sapato pronto é a quantidade de trabalho que foi agregado no processo de produção, para Smith o trabalho é a medida real do valor de troca de todas as mercadorias.

Valor de Uso

O valor de uso é determinado segundo a utilidade, é muito subjetivo, pois varia de pessoa para pessoa, não é possível determinar o valor pelo seu valor de uso, por causa dessa subjetividade.

Valor de Troca

O valor de troca está muito relacionado com a capacidade e a quantidade de trabalho que uma mercadoria é capaz de comprar ou comandar no mercado.

Em duas sociedades hipotéticas uma pré-capitalista e outra capitalista, temos alguns conceitos a serem explicados.

Na sociedade pré-capitalista, todo produto pertence ao trabalhador, o que vai determinar o valor de troca é a quantidade de trabalho gasto para produzir a mercadoria.

Dizemos então que preço real é a quantidade de trabalho = valor de troca

No capitalismo a quantidade de trabalho que a mercadoria compra/comanda é diferente da quantidade de trabalho que ela contém.

Assim quando a quantidade de trabalho é menor que o valor de troca, defini-se preço natural.

No preço natural o valor de troca é maior do que a quantidade de trabalho, pois é a soma do salário, da renda da terra e do lucro, podemos definir preço natural por PN=W+R+L.

A discussão agora gira em torno de onde vem o salário, a renda e o lucro.

O salário, diz Smith, é a quantidade mínima que o trabalhador precisa para subsistir. Smith diz ainda que a variação da população está ligada a oferta de trabalho, consequentemente à quantia paga ao trabalhador.

Smith analisa que quando o salário aumenta, a tendência da população é aumentar, com isso a oferta de trabalho aumenta, fazendo com que o salário diminua para o nível natural, de subsistência.

Quando o salário diminui, a tendência da população é diminuir, assim a oferta de trabalho diminui, fazendo o salário subir para o nível de subsistência. Com isso Smith diz que o salário tende sempre a chegar ao seu nível natural, que é o nível de subsistência.

A renda da terra, para Smith também é definida pela natureza, e é o aluguel que o proprietário cobra pelo uso da terra, essa renda é deduzida do produto global. É cobrada segundo a fertilidade da terra, esse é o seu diferencial, diferentes terras têm diferentes fertilidades.

O lucro é a remuneração pela antecipação do capital, uma porcentagem que o capitalista tem direito por ter antecipado o capital da produção. O grande problema para Smith é definir de quanto é essa porcentagem do lucro e de onde vem o lucro.

O lucro também é natural e é deduzido do produto global, ele se dá pela livre mobilidade do capital. O capital pode ser movido para um setor que está dando lucros acima do seu nível natural, mas isso diminui o lucro. Daí tiramos o preço de mercado, que é a oferta versus a demanda. Quando se aumenta a oferta o preço tende a cair e quando se aumenta a demanda e diminui a oferta o preço tende a aumentar. Quando a oferta é igual a demanda o seu preço é igual ao preço natural.

Com a definição de lucro, podemos entrar na teoria de desenvolvimento de Smith, ele fala que o lucro é a capacidade de comandar mais trabalho do que a mercadoria contém, permite aumentar a divisão do trabalho, o que potencializa a produção de riqueza, faz aumentar os lucros,o trabalho, a divisão do trabalho e de novo a riqueza, isso gera o que ele chama de efeito riqueza progressiva. Para Smith crescimento significa desenvolvimento.

A riqueza geral, riqueza das nações seria criada desde que os indivíduos tenham liberdade de manifestar sua natureza, para Smith todos enriqueceriam juntos e a sociedade iria se organizar naturalmente de forma a gerar riqueza para todos, é como se tivesse uma “mão invisível”, que organizasse tudo, mas só se não houver interferência.

Bibliografia:

NAPOLEONI, CLAUDIO, Smith, Ricardo e Marx, Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1978

SMITH, ADAM, Uma investigação sobre a natureza e Causa da Riqueza das Nações. Coleção Os Economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1983.


Uma Definição de Capitalismo

O capitalismo como sistema econômico surgiu lentamente na Europa Ocidental.

Para compreender um sistema econômico é preciso primeiro definir seu modo de produção e suas forças produtivas bem como as relações sociais de produção.

As forças produtivas são chamadas de a tecnologia produtiva de uma sociedade, onde ela irá indicar o quão evoluído é o conhecimento técnico. Mas em um grau de importância, o esforço humano em disponibilizar a matéria prima e transformá-la em produtos acabados fica em primeiro plano.

“A maioria dos modos de produção que continuaram a existir por muito tempo, de fato, tem produzido não somente para atender às necessidades mínimas, mas também um excesso, ou excedente social.” (página 26).

O excedente social é em um modo de produção a parte que sobra depois de saciadas as necessidades pertinentes à sociedade.

A partir deste excedente que fica maior sempre que as forças produtivas se desenvolvem, a sociedade é dividida geralmente em dois grupos: o grupo que produz e o grupo que controla. Com isso podemos definir um modo de produção como o conjunto das forças produtivas, onde são utilizados o esforço humano, as ferramentas, a matéria-prima etc. Para produzir os bens e o excedente social e as relações sociais de produção onde fica claro quem detém o poder da produção.

Definido o modo de produção, podemos agora partir para a definição de capitalismo que é constituído por quatro conjuntos de esquemas: produção de mercadorias, onde o mercado dita o ritmo, a quantidade a ser produzida e o seu valor, a propriedade privada, onde uma pessoa ou um conjunto de pessoas detém o poder dos meios de produção, uma grande parte da população que para sobreviver precisar vender sua força de trabalho e o comportamento individualista, aquisitivo e maximizador dos indivíduos dentro desse sistema.

Estudando o capitalismo, devemos nos aprofundar um pouco mais em suas características, primeiro em como é dado o valor das mercadorias produzidas que tem características diferentes e podem satisfazer as necessidades humanas. Quando um produto é avaliado pelo grau de satisfação que proporcionou a alguma necessidade humana, diz-se que ele possui valor de uso e todo produto feito através de trabalho humano possuí valor de uso. Quando esse produto é vendido no mercado em troca de dinheiro e esse dinheiro pode ser trocado por outras mercadorias na qual vão satisfazer as necessidades de quem o comprou, diz-se que tem valor de troca.

“Para que a produção de mercadorias exista, é preciso que a sociedade tenha um mercado muito desenvolvido, no qual os produtos possam ser livremente comprados ou vendidos em troca de moeda.” (página 26).

Existe produção de mercadorias quando fabricadas sem interesse em seu valor de uso e sim em seu valor de troca. As mercadorias são vendidas para adquirir moeda e com essas adquirir mercadorias que valem pelo seu valor de uso.

Na produção de mercadorias não há nenhuma ligação entre aqueles que produzem e aqueles que consomem. Neste modo de produção gera uma relação de dependência, pois um produtor fabrica poucas mercadorias, dependendo de outros produtores que fabricam outras mercadorias e colocam à venda no mercado, para que ele possa depois de ter trocado suas mercadorias por dinheiro adquirir os outros produtos de que necessita.

A segunda característica é o direito da propriedade privada, onde a sociedade concede a algumas poucas pessoas o poder de utilizar segundo seus desejos, as matérias-primas, as ferramentas, maquinaria e edifícios destinados a produção, isto implica em que outros indivíduos sejam excluídos nas tomadas de decisões de como esses recursos devem ser usados.

Quando a propriedade dos meios de produção fica sobre controle de um pequeno grupo da sociedade, descritos como os capitalistas, que não realizam nenhuma atividade direta ligada a produção e seu papel é controlar a produção de mercadorias e o excedente social, a outra parcela da população é obrigada a vender sua “mercadoria”, a força de trabalho, nessa relação os trabalhadores não são donos das matérias-primas nem das ferramentas utilizadas, ou seja, eles não têm direito de posse algum sobre a mercadoria que eles mesmos produzem. Para sobreviverem têm que vender sua força de trabalho a um capitalista que em troca lhes dão um salário que nunca é igual ao valor da mercadoria produzida. O capitalismo gera situações que a parcela trabalhadora da população não possa viver sem que eles vendam sua força de trabalho em troca de um salário para comprar uma parcela das mercadorias dos capitalistas. O restante que constituí o excedente social fica de posse dos capitalistas.

A quarta característica do capitalismo é o comportamento individualista, aquisitivo e maximizador, esse comportamento é necessário para o funcionamento do capitalismo. Para isso os valores das mercadorias que se produzem têm de serem maiores daqueles que consomem.

Em quanto o capitalismo evoluía, a produtividade dos trabalhadores aumentava, o que significava um poder de compra maior obrigando o capitalismo a recorrer a novas formas de motivação ao consumo e consequentemente ao aumento do excedente social, assim se fixou a ideia de que para ser feliz era preciso ganhar mais.

O capitalismo lança idéias à sociedade de que todas as necessidades e ou infelicidades podem ser amenizadas comprando mais mercadorias e a medida que a renda aumenta seu consumo também aumenta, ou seja, quanto mais se tem, mais necessidades se sente.

“Os capitalistas também são induzidos a um comportamento combativo e aquisitivo.” (página 29).

“Daí o capitalismo ter sido sempre caracterizado pelo esforço frenético dos capitalistas em obter mais lucro e converter seus lucros em mais capitais” (página 29).

As crises econômicas podem ser comparadas a um efeito dominó, quando a procura por bens diminuí e as mercadorias não podem ser vendidas, os trabalhadores são despedidos, os trabalhadores agora sem renda diminuem o consumo, diminuindo assim os lucros dos capitalistas até se concretizar a crise.

A Economia Européia Pré-Capitalista

Para entendermos melhor o capitalismo, precisamos tomar ciência do sistema sócio-econômico que o precedeu, o feudalismo.

No feudalismo o servo era protegido, pelos senhores feudais que o eram pelos reis, esta era a estrutura básica da hierarquia feudal. Os senhores protegiam os camponeses que em troca trabalhavam para o senhor feudal e pagava impostos como também cuidavam da agricultura e vestuário.

Nas relações medievais dos feudos não haviam leis, mas sim costumes, porque não havia uma autoridade centralizada que garantia o cumprimento das leis, então a organização do feudo se dava por serviços e obrigações segundo a posição hierárquica. Os vassalos cultivavam a terra e pagavam impostos e os senhores feudais eram obrigados a protegê-los. Diferente do sistema capitalista que é baseado no cumprimento de leis.

No feudalismo, os servos não eram escravos, diferente de escravos que podem ser comparados a mercadorias, o servo não podia ser vendido, se o senhor de um feudo transferisse o poder de suas terras para outro senhor, os servos apenas teriam outro senhor, na maioria das vezes as obrigações dos servos eram pesadas o que o impediam de serrem livres.

A igreja era o maior proprietário de terras e sua lealdade estava ligada a igreja em Roma, além de seus ensinos religiosos terem uma grande influência na Europa Ocidental, esses fatores tornavam a igreja uma instituição mais parecida com um governo.

No feudalismo a nobreza e a igreja formavam a classe dominante, os senhores feudais davam proteção militar e a igreja ajuda espiritual em troca do árduo trabalho dos vassalos e do seu dinheiro.

“Os bens manufaturados eram vendidos aos feudos e, algumas vezes, trocado no comércio distante. As instituições econômicas dominantes nas cidades eram as corporações do ofício – associações artesanais, profissionais e de ofício – que existiam desde o Império Romano” (página 31).

As corporações de ofícios se envolviam e controlavam a vida dos seus participantes em todas as questões, mas eram mais preocupadas com a salvação espiritual, mais até do que obter lucros.

As sociedades medievais eram agrárias, e durante os séculos os avanços na produtividade agrícola foram contribuindo cada vez mais para a passagem do feudalismo para o capitalismo, entre os avanços tecnológicos pode-se citar a implementação do sistema de plantio de três campos.

Com os avanços da agricultura mudanças sociais começaram a se manifestar na sociedade, primeiro houve um grande aumento na população estima-se que o número de habitantes dobrou em 300 anos na Europa, depois uma grande concentração urbana devido ao crescimento populacional.

Crescimento do Comércio de Longa Distância


“Muitos historiadores sustentam que a disseminação do comércio foi a mais importante força isolada para a desintegração do feudalismo medieval” (página 32,33).

O crescimento do comércio foi sustentado pela evolução econômica interna da Europa, e o aumento da produtividade na agricultura fez com o excedente de matéria-prima e produtos pudessem ser vendidos no mercado interno e externo.

Ainda segundo o texto o crescimento do comércio não foi o principal fator para a transição do feudalismo para o capitalismo. Outro fator para a dissolução do feudalismo foi que o excedente foi ficando cada vez menor para satisfazer os desejos da classe dominante, culminando em diversos conflitos.

A expansão do comércio possibilitou o crescimento das cidades e o controle dos capitalistas comerciantes, levando principalmente a agricultura romper com o sistema feudal.

O comércio de longa distância possibilitou o desenvolvimento de atividades comerciais com os árabes e os vikings e aumentou a produção para exportação e para as feiras, onde eram trocados todas as sortes de mercadorias.

O texto cita que a partir século XV as feiras comerciais foram substituídas por cidades comerciais e como as atitudes dessas cidades se tornavam incompatíveis com os costumes feudais elas logo conseguiam sua independência. Leis foram implementadas para controlar esse comércio que mais tarde se tornariam as bases para as leis modernas do capitalismo.

No sistema feudal o produtor também era vendedor, já nesse novo sistema essas duas áreas estavam separadas, o artesão fabricava seus produtos e vendia para os comerciantes que transportavam e revendiam esses produtos no mercado.

O Sistema de Trabalho Doméstico e o Nascimento da Indústria Capitalista


Antes do sistema capitalista os artesões eram donos de suas ferramentas e da matéria-prima, já no sistema de trabalho doméstico, o capitalista comerciante era quem fornecia todos os recursos e pagava pelo produto pronto, sendo assim ele passava a ser dono do produto em todas as etapas da produção. Com a evolução desse sistema o artesão não vendia mais seus produtos, mas sim seu trabalho. Os capitalistas comerciantes tinham que vender o produto por um preço alto, para pagar os artesões, os custos de produção e ainda obter lucro.

Duas características marcam o surgimento do sistema econômico do capitalismo, o controle do capitalista em todo o processo de produção e o surgimento da força de trabalho que não tinha capital e nada para vender por isso precisava vender seu trabalho.

As empresas dos capitalistas procuravam o monopólio e controlavam a procura dos seus produtos. Com o surgimento das corporações de oficio patronais foram impostas diversas barreiras que fariam com que os artesões mais pobres e seus filhos tivessem de vender sua força de trabalho para sobreviver.

O Declínio do Sistema Senhorial


Antes que o sistema capitalista vigorasse, o senhor feudal começou a depender mais das cidades para obter mercadorias e os camponeses, segundo o texto, começaram a trocar por dinheiro o excedente incentivando-o a produzir mais excedentes. Os senhores feudais começaram a vender suas terras porque precisavam de dinheiro para comprar bens manufaturados e de luxo.

O fator que agiu diretamente para a queda o sistema feudal foi a série de catástrofes no final do séc. XIV e no séc. XV como a Guerra dos Cem Anos e a peste negra. Com esses fatos os senhores feudais tentaram restabelecer os serviços obrigatórios dos servos camponeses, mas não o podiam, pois o mercado já tinha se estendido às regiões rurais, isso deu mais liberdade aos camponeses.

“Qualquer sistema econômico gera uma ou mais classes, cujos privilégios dependem da continuação deste sistema. Estas classes fazem de tudo para resistir a mudanças e proteger suas posições, como é natural.” (página 38).

Surgimento da Classe Trabalhadora

A nobreza feudal, precisava de recursos monetários e começaram a cercar suas terras, que antes era de uso comum, assim podiam obter lucros pela grande procura da industria têxtil por lã. Os cercamentos junto com o crescimento populacional acabaram com os laços feudais e proporcionou a criação de uma classe trabalhadora sem terra. Grande parte dessa classe trabalhadora começou a invadir terras que não eram usadas, foram aprovadas leis que repreenderam esse tipo de ação.

Outras Forças na Transição Para o Capitalismo

O progresso científico foi outra força para que o capitalismo se instalasse, as inovações e descobertas logo foram aplicadas na navegação, que expandiram suas rotas para as Índias, África e as Américas, isso trouxe maior fluxo de metais preciosos para Europa e o começo das colonizações.

Com o aumento da quantidade de ouro e prata a Europa sofreu uma grande inflação que ficou entre 150 e 400%, o grande problema foi que os preços dos produtos manufaturados aumentaram mais do que os salários, os grandes beneficiários foram os capitalistas que aumentaram seus lucros e pagavam salários mais baixos. Os lucros eram reinvestidos e transformados em mais capitais, que geravam mais lucros e depois transformado em acumulação do capital.

“As quatro fontes mais importantes de acumulação inicial de capital foram: (1) o volume do comércio, que cresceu rapidamente; (2) o sistema industrial de produção doméstica; (3) o movimento dos cercamentos; (4)a grande inflação de preços.” (página40).

Um grande marco foi a unificação do poder monarca com a burguesia, que possibilitou entre outra coisas a padronização de moedas que antes eram diferentes.

Mercantilismo

O bulionismo que foi a fase inicial do mercantilismo, ocorreu quando a Europa estava passando por uma escassez de ouro e prata e não conseguiam atender as necessidades do comércio, medidas foram tomadas para atrair esses metais e retê-los no país. O exemplo de país que o texto coloca é o da Espanha que ficou com quase todo o ouro das Américas e impôs a pena de morte para quem exportasse esses metais preciosos.

Para maximizar a entrada de dinheiro em um país o governo estimulou as exportações e desestimulou as importações, ou seja, mais dinheiro entrando e menos dinheiro saindo.

Uma política para aumentar o valor das exportações era o monopólio, se apenas um mercador comprasse matéria-prima de um país atrasado, ela sairia mais barata e se houvesse apenas um comerciante de determinado produto, ele poderia impor preços mais altos.

Já no caso das importações, alguns produtos eram proibidos de serem importados e outros possuíam direitos alfandegários muito altos que inviabilizava a compra da mercadoria.

“Não está exatamente claro até que ponto o pensamento mercantilista foi sinceramente motivado pelo desejo de aumentar o poder do estado ou até que ponto foi um esforço mal disfarçado para promover os interesses especiais dos capitalistas”. (página 43).

Fonte: HUNT, E.K. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. p. 25 a 43.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vozes em minha cabeça

Acordei no meio da noite em meu quarto, eu estava em pé a poucos passos da porta, uma dor insuportável latejava em minha cabeça e por causa disso atribuí às tonturas que me atingia de tempos em tempos, não sei o que fazia acordada e em pé naquele horário, mas senti vários impulsos de sair do meu quarto e ir até a cozinha.

Quando coloquei minha mão na maçaneta da porta uma explosão de vozes aconteceu em minha cabeça, não conseguia ouvir o que elas diziam, porque eram muitas e não era possível me concentrar em nenhuma. Larguei a maçaneta e me joguei no chão, pela dor que senti catalisada pelas vozes em minha cabeça, um grito saiu da minha boca e só quando ele cessou pude perceber que o falatório em minha cabeça também havia cessado.

Algumas lágrimas escorreram pelos meus olhos enquanto eles estavam fechados, molhando meu rosto e chegando à minha boca, pude sentir o gosto salgado e tentei parar de chorar, fui tentando me acostumar a escuridão do meu quarto quando abri meus olhos novamente e me levantei, receosa tentei abrir minha porta, pronta para largá-la se as vozes voltassem . Nada aconteceu dessa vez e com um pequeno rangido amplificado pelo silêncio, a porta se abriu.

Não queria acordar ninguém em casa, eu estava descalça e andei na ponta dos pés.

Assim que passei os limites do meu quarto, meu corpo começou a tremer, mas não de frio, o clima estava agradável e eu não sei explicar a causa disso, mas quando meu corpo voltou ao normal percebi que ele não respondia mais à mim e sem eu querer meu corpo começou a andar em direção à cozinha, não conseguia fazer nada, gritava, mas nada saía da minha boca, tentei voltar, mas em vão, meu corpo era uma máquina sem controle.

Passei pelo corredor escuro, do meu lado esquerdo estava o quarto dos meus pais e do meu lado direito o quarto de Phillipy, avancei a passos largos, sem entender porque meu corpo não respondia aos meus comandos, já estava em frente a sala de jantar, quando me virei a esquerda e entrei na cozinha. Estava tudo muito escuro e por isso fui batendo na mobília, tentando me contorcer à dor, mas nem à dor meu corpo respondia, cheguei perto da pia onde havia embutido um gaveteiro, minha mão se estendeu para a segunda gaveta e no meio de muitas talheres retirou uma grande faca, sem enxergar, já sabia qual era. Uma faca de cabo branco que meu pai deixava sempre afiada, exclusiva para cortar a carne, meu corpo se dirigiu até a janela da cozinha, onde uma luz fraca dos postes de iluminação da rua a iluminava, com isso pude ver meu reflexo pela superfície metálica da faca, meu rosto parecia sem vida, meus olhos vazios, focalizando o nada, parecia mais um cadáver onde a alma já o abandonara.

Com a faca na mão, voltei a andar e logo estava no corredor, voltando por onde tinha vindo, o pavor começou a tomar meus pensamentos, mil idéias vieram a minha mente tentando especular o que meu corpo faria com aquela faca. A passos largos como anteriormente meu corpo andava despreocupado pelo corredor, quando parou em frente ao quarto dos meus pais. Logo o medo se alastrou e tentei inutilmente tomar o controle, a minha mão livre se estendeu para a porta e a abriu, diferente da minha nenhum ruído foi provocado, pude ver meus pais deitados em sua cama, pela fraca luz de um abajur, eles estavam abraçados em um sono profundo sem desconfiarem da minha presença ali, andei em direção ao lado da cama em que estava meu pai, com a mente de um assassino pensei: “Eliminar o mais forte primeiro”.

Parei ao lado do meu pai, do seu lado da cama havia um criado mudo, com um abajur trazido por uma de suas irmãs da França, tinha gravuras de flores e passáros, ao lado do abajur havia um livro do Stephen King, Carrie, A Estranha e tirando o fato de eu estar com uma faca ao lado do meu pai sem controle do meu corpo, me perguntei o que meu pai fazia ultimamente lendo um livro desses.

Do lado da cama da minha mãe também havia um criado mudo, mas nele só havia um despertador digital e uma bíblia velha, herdada de sua mãe. O despertador marcava 2:40 da madrugada.

Meu corpo ficou gelado, em reação, meu corpo todo começou a tremer, pior do que havia ocorrido antes, vozes na minha cabeça repetiam sem parar: “mate-os, mate-os, mate-os, mate-os”, tentei repeli-los, mas havia muitas vozes e eu sabia o que tinha de fazer para elas pararem, mas eu não queria.

Minhas duas mãos pegaram o cabo da faca, meus dedos juntaram-se lentamente. Levantei a faca acima da minha cabeça, minha alma começou a chorar, gritar e a se debater, mas nada refletiu em meu corpo, tentei fechar os olhos, mas eles não se fecharam.
Meu corpo congelou. Tudo pareceu parar.
2:45


2:50


2:55


3:00


3:05


3:15


Senti meus braços deslizarem. Era o fim.

Neste momento meus olhos foram ofuscados por uma forte luz branca, a janela do quarto foi quebrada e vários estilhaços atingiram a cama onde meus pais estavam, mas o barulho e os cacos de vidro não pareceram incomodar o sono deles.

A silhueta de um homem apareceu no meio da luz, o mais intrigante é que ele possuía asas. Grandes asas, que se meus olhos não estivessem enganados atingiam de uma extremidade a outra do quarto.

Pude sentir os cantos dos meus olhos queimarem pela intensidade da luz, e em um simples gesto tentei fechá-los, e dessa vez eu consegui.

Pude ouvir os passos do homem se aproximando, quando consegui abaixar a faca ao lado de meu corpo e soltá-la no chão, a faca pareceu demorar uma eternidade para cair.

Senti duas mãos em meus ombros, elas eram quentes, uma pequena brisa atingiu meu rosto e comecei a perceber que estava sibilando palavras em minha direção. O aperto em meu ombro se intensificou e isso me trouxe uma paz que eu nunca havia sentido antes. Estava tão relaxada, que poderia deitar e dormir ali mesmo, arrepios subiam pela minha espinha, as vozes sumiram da minha cabeça e nisso pude ouvir o que ele estava sibilando, mesmo sem entender nada.

- Dantes mihi in Domino potestatem tradiderit mihi, iubeo, ut ab illacorporis angelus tentationem. – Pude sentir seus dedos desenharem alguma coisa em minha testa - Non grata domus Revertere ad dominum domus ista relinquo solum.

Quando terminou senti, uma dor em meu abdômen, era como se estivessem enfiando um tronco de árvore pequeno na minha barriga, enfiando até que a minha pele se rompesse e meus órgãos fossem perfurados, essa dor durou dez segundos, depois caí no chão e fiquei inconsciente.
Mas antes de me entregar a escuridão do inconsciente eu sabia quem tinha feito aquilo, quem invadiu meu quarto e salvou meus pais.

- Obrigado John – As palavras não saíram mais que um sussurro e então tudo se apagou.

--Escrito por Lennon de J. Cruz

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Modificações

Fiz algumas modificações e adicionei algumas informações nos capítulos anteriores, para ficar mais fácil a compreensão de todos.

Como vocês vão perceber a história é narrada pelas duas personagens principais, e por isso, quando uma estiver narrando eu colocarei : "Narrado por ..."

Também escolhi um nome.

Cecidit, que significa caído em latim.

Fiz um site para a saga, onde nesse primeiro momentos vai se chamar Cecidit e os Sete Caídos, vc's podem acessar pelo link: http://www.cecidit.vai.la

esperem que gostem, daqui a pouco saí mais um capítulo fresquinho

valew

domingo, 16 de janeiro de 2011

Explicações

Abri meus olhos, minha visão estava embaçada, tentei levantar, mas alguém me impediu, não consegui ver quem era, não lutei e fechei os olhos.

Fiquei acordada com os olhos fechados por mais dez minutos sem dizer uma palavra, até que senti os dedos de alguém sobre o meu rosto afastando meus cabelos que estavam esparramados sobre meus olhos, mais uma vez os abri e consegui ver um homem de cabelos pretos bem arrumados, vestido em uma batina, era o padre Nickolas, tinha uma aparência enfadada, mas distraída, minha voz era baixa e enferma.

-Padre o que aconteceu lá?
- Descanse Sophia
- Não! Eu quero saber o que aconteceu na igreja, o que foi tudo aquilo?
- Não insista, por favor.
Ouvi alguns passos e alguns toques na porta.
- Posso entrar?
Padre Nickolas moveu apenas os olhos encarando o intruso, sua feição passou de enfadada para séria, mas logo se acalmou e respondeu:

- Claro, à vontade.

O homem entrou e veio até perto de mim, eu estava na minha cama e ele ficou encostado na janela.

Usava uma roupa social constituída de um terno preto camisa branca, calça preta sem nenhum detalhe e uma gravata preta com um estranho pingente preso a ela. Sua barba estava mal feita, tinha olheiras e o cabelo curto, tinha por volta de um metro e setenta e cinco, seu nome era Eduardo e era o investigador da cidade.

- Olá Sophia, espero que você esteja melhor, depois do segundo dia em que você não acordou eu fiquei preocupado.
- Como assim segundo dia? A quantos tempo eu estou aqui? – perguntei assutada

Nickolas respondeu essa.

- Quatro dias – falou com indiferença
-Quatro dias? Meu Deus o que aconteceu comigo- De repente uma dor insuportável atingiu a minha cabeça e eu comecei a gritar, o padre me segurou na cama e começou a falar alguma coisa em outra língua no meu ouvido, fez isso até q eu me acalmasse.
- O que está acontecendo comigo? Digam !!! – Falei exasperada

Eduardo respondeu olhando para o chão.

- Nada foi provado ainda, mas minha investigação aponta uma grande descarga elétrica atraída pelo metal da âmbula que explodiu, também é possível que houve um curto-circuito na fiação da igreja o que provocou o incêndio, mas não posso provar nada ainda sem que os testes de laboratório das amostras que recolhi estejam prontos, como você foi vista muito perto do local onde ocorreram essas descargas, acreditamos que você foi atingida o que provoca essas dores de cabeça em você. Esperava que você estivesse melhor para que eu pudesse interrogá-la, mas percebi que você ainda não está em condições.

Simulei uma pequena dor de cabeça para comprovar o que ele disse, não estava para interrogatórios.

- Bom Sophia, desejo melhoras para você, nos veremos quando você estiver melhor – Eduardo saiu do meu quarto sem se despedir do padre, que o acompanhou até a porta e a fechou.

Ele voltou para o seu lugar, em uma cadeira ao lado da minha cama.

- Não foi isso o que aconteceu não é? – perguntei
- Não.
-Onde está John?
- Quem é John?
- O homem que me salvou você não o viu?
- Ninguém te salvou a não ser Deus, depois que todos estavam fora da igreja eu vi que você ainda estava lá e sozinha, caminhando em direção a cruz que pegava fogo e sem nenhuma explicação você deu meia volta para fora da igreja e caiu na escadaria, mas não havia ninguém com você, por sorte os bombeiros chegaram rápido e evitaram maiores danos a igreja, levamos você para o hospital e o médico te liberou no dia seguinte para ficar em repouso em casa.
-Padre o que está acontecendo com esta cidade?

Ele ficou em silêncio.


--Escrito por Lennon de.J.Cruz