domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vozes em minha cabeça

Acordei no meio da noite em meu quarto, eu estava em pé a poucos passos da porta, uma dor insuportável latejava em minha cabeça e por causa disso atribuí às tonturas que me atingia de tempos em tempos, não sei o que fazia acordada e em pé naquele horário, mas senti vários impulsos de sair do meu quarto e ir até a cozinha.

Quando coloquei minha mão na maçaneta da porta uma explosão de vozes aconteceu em minha cabeça, não conseguia ouvir o que elas diziam, porque eram muitas e não era possível me concentrar em nenhuma. Larguei a maçaneta e me joguei no chão, pela dor que senti catalisada pelas vozes em minha cabeça, um grito saiu da minha boca e só quando ele cessou pude perceber que o falatório em minha cabeça também havia cessado.

Algumas lágrimas escorreram pelos meus olhos enquanto eles estavam fechados, molhando meu rosto e chegando à minha boca, pude sentir o gosto salgado e tentei parar de chorar, fui tentando me acostumar a escuridão do meu quarto quando abri meus olhos novamente e me levantei, receosa tentei abrir minha porta, pronta para largá-la se as vozes voltassem . Nada aconteceu dessa vez e com um pequeno rangido amplificado pelo silêncio, a porta se abriu.

Não queria acordar ninguém em casa, eu estava descalça e andei na ponta dos pés.

Assim que passei os limites do meu quarto, meu corpo começou a tremer, mas não de frio, o clima estava agradável e eu não sei explicar a causa disso, mas quando meu corpo voltou ao normal percebi que ele não respondia mais à mim e sem eu querer meu corpo começou a andar em direção à cozinha, não conseguia fazer nada, gritava, mas nada saía da minha boca, tentei voltar, mas em vão, meu corpo era uma máquina sem controle.

Passei pelo corredor escuro, do meu lado esquerdo estava o quarto dos meus pais e do meu lado direito o quarto de Phillipy, avancei a passos largos, sem entender porque meu corpo não respondia aos meus comandos, já estava em frente a sala de jantar, quando me virei a esquerda e entrei na cozinha. Estava tudo muito escuro e por isso fui batendo na mobília, tentando me contorcer à dor, mas nem à dor meu corpo respondia, cheguei perto da pia onde havia embutido um gaveteiro, minha mão se estendeu para a segunda gaveta e no meio de muitas talheres retirou uma grande faca, sem enxergar, já sabia qual era. Uma faca de cabo branco que meu pai deixava sempre afiada, exclusiva para cortar a carne, meu corpo se dirigiu até a janela da cozinha, onde uma luz fraca dos postes de iluminação da rua a iluminava, com isso pude ver meu reflexo pela superfície metálica da faca, meu rosto parecia sem vida, meus olhos vazios, focalizando o nada, parecia mais um cadáver onde a alma já o abandonara.

Com a faca na mão, voltei a andar e logo estava no corredor, voltando por onde tinha vindo, o pavor começou a tomar meus pensamentos, mil idéias vieram a minha mente tentando especular o que meu corpo faria com aquela faca. A passos largos como anteriormente meu corpo andava despreocupado pelo corredor, quando parou em frente ao quarto dos meus pais. Logo o medo se alastrou e tentei inutilmente tomar o controle, a minha mão livre se estendeu para a porta e a abriu, diferente da minha nenhum ruído foi provocado, pude ver meus pais deitados em sua cama, pela fraca luz de um abajur, eles estavam abraçados em um sono profundo sem desconfiarem da minha presença ali, andei em direção ao lado da cama em que estava meu pai, com a mente de um assassino pensei: “Eliminar o mais forte primeiro”.

Parei ao lado do meu pai, do seu lado da cama havia um criado mudo, com um abajur trazido por uma de suas irmãs da França, tinha gravuras de flores e passáros, ao lado do abajur havia um livro do Stephen King, Carrie, A Estranha e tirando o fato de eu estar com uma faca ao lado do meu pai sem controle do meu corpo, me perguntei o que meu pai fazia ultimamente lendo um livro desses.

Do lado da cama da minha mãe também havia um criado mudo, mas nele só havia um despertador digital e uma bíblia velha, herdada de sua mãe. O despertador marcava 2:40 da madrugada.

Meu corpo ficou gelado, em reação, meu corpo todo começou a tremer, pior do que havia ocorrido antes, vozes na minha cabeça repetiam sem parar: “mate-os, mate-os, mate-os, mate-os”, tentei repeli-los, mas havia muitas vozes e eu sabia o que tinha de fazer para elas pararem, mas eu não queria.

Minhas duas mãos pegaram o cabo da faca, meus dedos juntaram-se lentamente. Levantei a faca acima da minha cabeça, minha alma começou a chorar, gritar e a se debater, mas nada refletiu em meu corpo, tentei fechar os olhos, mas eles não se fecharam.
Meu corpo congelou. Tudo pareceu parar.
2:45


2:50


2:55


3:00


3:05


3:15


Senti meus braços deslizarem. Era o fim.

Neste momento meus olhos foram ofuscados por uma forte luz branca, a janela do quarto foi quebrada e vários estilhaços atingiram a cama onde meus pais estavam, mas o barulho e os cacos de vidro não pareceram incomodar o sono deles.

A silhueta de um homem apareceu no meio da luz, o mais intrigante é que ele possuía asas. Grandes asas, que se meus olhos não estivessem enganados atingiam de uma extremidade a outra do quarto.

Pude sentir os cantos dos meus olhos queimarem pela intensidade da luz, e em um simples gesto tentei fechá-los, e dessa vez eu consegui.

Pude ouvir os passos do homem se aproximando, quando consegui abaixar a faca ao lado de meu corpo e soltá-la no chão, a faca pareceu demorar uma eternidade para cair.

Senti duas mãos em meus ombros, elas eram quentes, uma pequena brisa atingiu meu rosto e comecei a perceber que estava sibilando palavras em minha direção. O aperto em meu ombro se intensificou e isso me trouxe uma paz que eu nunca havia sentido antes. Estava tão relaxada, que poderia deitar e dormir ali mesmo, arrepios subiam pela minha espinha, as vozes sumiram da minha cabeça e nisso pude ouvir o que ele estava sibilando, mesmo sem entender nada.

- Dantes mihi in Domino potestatem tradiderit mihi, iubeo, ut ab illacorporis angelus tentationem. – Pude sentir seus dedos desenharem alguma coisa em minha testa - Non grata domus Revertere ad dominum domus ista relinquo solum.

Quando terminou senti, uma dor em meu abdômen, era como se estivessem enfiando um tronco de árvore pequeno na minha barriga, enfiando até que a minha pele se rompesse e meus órgãos fossem perfurados, essa dor durou dez segundos, depois caí no chão e fiquei inconsciente.
Mas antes de me entregar a escuridão do inconsciente eu sabia quem tinha feito aquilo, quem invadiu meu quarto e salvou meus pais.

- Obrigado John – As palavras não saíram mais que um sussurro e então tudo se apagou.

--Escrito por Lennon de J. Cruz

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Modificações

Fiz algumas modificações e adicionei algumas informações nos capítulos anteriores, para ficar mais fácil a compreensão de todos.

Como vocês vão perceber a história é narrada pelas duas personagens principais, e por isso, quando uma estiver narrando eu colocarei : "Narrado por ..."

Também escolhi um nome.

Cecidit, que significa caído em latim.

Fiz um site para a saga, onde nesse primeiro momentos vai se chamar Cecidit e os Sete Caídos, vc's podem acessar pelo link: http://www.cecidit.vai.la

esperem que gostem, daqui a pouco saí mais um capítulo fresquinho

valew