segunda-feira, 13 de junho de 2011

Introdução à David Ricardo

Inglês, vivendo em plena revolução industrial, David Ricardo é considerado um dos sucessores de Adam Smith na sua teoria econômica, tanto que, muitas de suas análises partem da teoria de Smith.

Ricardo não faz uma discussão filosófica metodológica, como Smith faz, por exemplo, em seu livro “Riqueza das Nações”, mas é certo que tratou dos problemas econômicos de uma forma lógica, sua contribuição com a teoria do valor é unanimidade entre os economistas posteriores. Além do mais, Ricardo diz que o lucro é o fator mais importante para se entender o capitalismo e a expansão econômica.

A distribuição da riqueza também é um dos problemas tratado em suas teorias, nessa ele mostra como a riqueza produzida é distribuída entre salário, lucro e a renda, formulando mais tarde sua “Teoria da Renda da Terra”.

Por último, em suas discussões sobre as leis do trigo (Corn Laws), nasce talvez sua teoria mais famosa, a “Teoria das Vantagens Comparativas”. Ricardo mostra que a proteção da produção de alimentos ingleses menos eficientes aumentava a proporção da renda da terra e dos salários, diminuindo os lucros. Para ele a Inglaterra devia importar alimentos do restante da Europa evitando que terras menos férteis fossem cultivadas, consequentemente, a renda da terra diminuiria, os preços dos alimentos também, diminuindo os salários, fazendo aumentar o lucros.

Teoria do Valor

Ricardo recapitula de forma breve os dois significados para valor dado por Smith. Valor de Uso, segundo sua utilidade. Valor de Troca, segundo seu poder de comprar outros bens, no valor de troca Ricardo faz uma ressalva onde a mercadoria precisa ter utilidade, senão seu valor de troca seria destituído. Neste caso o valor de troca da mercadoria depende de dois fatores: a escassez e a quantidade de trabalho necessário para produzi-la.

Quanto à escassez, a quantidade de mercadorias que estão sujeitas a essa condição é muito pequena em comparação com aquela que depende do trabalho, por isso adota somente a mercadoria que pode ser aumentada por exercício do trabalho, já que esta pode ser reproduzida quase que ilimitadamente e não está influenciada pela escassez.

Ricardo faz uma crítica a Smith, por ele ter adotado o trabalho como medida invariável, fazendo com que o conceito de valor como trabalho necessário e a quantidade que este pode comprar como expressões equivalentes. Ricardo diz ainda que o trabalho é variável e está sujeito ao efeito da oferta e da demanda e a alteração dos preços dos alimentos.

Mas na teoria smithiana, Ricardo encontraria algo para uma formulação correta da teoria do valor. A quantidade de trabalho posta em movimento por uma determinada mercadoria identificava-se com a quantidade de trabalho contido nessa mercadoria. ¹

Ricardo diz ainda que Smith observa a troca da mercadoria por trabalho, já para ele a troca de mercadorias é entre mercadorias.

O valor relativo surge na relação de troca entre diferentes mercadorias, quando uma mercadoria A equivale a uma Quantidade de uma mercadoria B.

Renda da Terra e Lucro

Em sua teoria da renda da terra ele diz o que determina a renda e a importância do que acontece na agricultura, que produz produtos básicos, para a eficiência da economia como um todo. A eficiência da agricultura vai definir a eficiência da economia no geral. A ineficiência da agricultura eleva os salários e eleva os custos da produção e faz cair o lucro geral da economia.

Conforme a população aumenta, a necessidade por alimentos aumenta, fazendo com que novas terras sejam cultivadas, normalmente menos férteis, só que se aplicado o mesmo capital e a mesma quantidade de trabalho, a terra menos fértil vai produzir um produto total inferior.

A origem da renda da terra é a concorrência pelas melhores terras, assim a diferença dos produtos das diferentes terras faz aumentar a renda da terra.

Aqui a agricultura se torna ineficiente porque as terras são escassas, quando é necessário produzir em terras menos férteis, a produtividade cai, elevando a quantidade de trabalho para se produzir, aumenta-se também a renda da terra e diminui o lucro.

Ricardo diz que o que acontece com a taxa de lucro agrícola determina a taxa de lucro industrial pelo custo com os salários, porque se sobem os preços dos alimentos em relação aos preços dos produtos industriais uma quantidade maior de produtos industriais vai ser necessária para adquirir uma quantidade x de alimentos.

O que ocorreu foi que os preços dos produtos agrícolas subiram em relação aos produtos industriais, foi demandada uma quantidade maior de trabalho por parte da agricultura, mas não variou a quantidade de trabalho na indústria. Diminuiu a taxa de lucro industrial e aumentou os salários da indústria, mas o salário na agricultura não variou.

A determinação da taxa de lucro na indústria se dá pela livre mobilidade do capital e pela variação dos preços dos alimentos, já que este último faz variar os salários, o problema é que diferentes industrias produzem com diferentes composições de capital, isso faz com que as variações dos salários na indústria tenha impacto em diferentes taxas de lucro para as diferentes industrias. Isto afeta de maneiras diferentes indústrias que possuem por exemplo mais trabalho direto do que indireto.

Mas pela lógica do sistema não pode haver taxas de lucro diferentes, assim, por exemplo, em uma indústria A e B, onde A foi mais impactada pela queda da taxa de lucro do que B, ela vai ter que aumentar o preço em relação a indústria B, ou a indústria B pode diminuir seu preço relativo a A.

A composição média de capital que vai determinar o valor relativo das mercadorias e o ajuste das taxas de lucro ocorre pela variação dos preços relativos em torno da composição média de capital.

Teoria das Vantagens Comparativas

Como resolver o problema da ineficiência da agricultura, já que qualquer economia que produz um produto básico de forma ineficiente transporta sua ineficiência para todos os setores?

Pelo comércio exterior, onde Ricardo formula sua teoria das vantagens comparativas. Cada país deve se especializar naquilo que produz de forma mais eficiente e deve importar aquilo que produz de ineficiente.

Quando as exportações são maiores que as importações há muitas moedas em circulação, o que aumenta a inflação, para isso não acontecer é necessário aumentar as importações com isso haveria um ajuste automático na economia.


1- 1 - NAPOLEONI, Claudio - Smith, Ricardo, Marx. Rio de Janeiro: Graal, 2000