domingo, 16 de janeiro de 2011

Explicações

Abri meus olhos, minha visão estava embaçada, tentei levantar, mas alguém me impediu, não consegui ver quem era, não lutei e fechei os olhos.

Fiquei acordada com os olhos fechados por mais dez minutos sem dizer uma palavra, até que senti os dedos de alguém sobre o meu rosto afastando meus cabelos que estavam esparramados sobre meus olhos, mais uma vez os abri e consegui ver um homem de cabelos pretos bem arrumados, vestido em uma batina, era o padre Nickolas, tinha uma aparência enfadada, mas distraída, minha voz era baixa e enferma.

-Padre o que aconteceu lá?
- Descanse Sophia
- Não! Eu quero saber o que aconteceu na igreja, o que foi tudo aquilo?
- Não insista, por favor.
Ouvi alguns passos e alguns toques na porta.
- Posso entrar?
Padre Nickolas moveu apenas os olhos encarando o intruso, sua feição passou de enfadada para séria, mas logo se acalmou e respondeu:

- Claro, à vontade.

O homem entrou e veio até perto de mim, eu estava na minha cama e ele ficou encostado na janela.

Usava uma roupa social constituída de um terno preto camisa branca, calça preta sem nenhum detalhe e uma gravata preta com um estranho pingente preso a ela. Sua barba estava mal feita, tinha olheiras e o cabelo curto, tinha por volta de um metro e setenta e cinco, seu nome era Eduardo e era o investigador da cidade.

- Olá Sophia, espero que você esteja melhor, depois do segundo dia em que você não acordou eu fiquei preocupado.
- Como assim segundo dia? A quantos tempo eu estou aqui? – perguntei assutada

Nickolas respondeu essa.

- Quatro dias – falou com indiferença
-Quatro dias? Meu Deus o que aconteceu comigo- De repente uma dor insuportável atingiu a minha cabeça e eu comecei a gritar, o padre me segurou na cama e começou a falar alguma coisa em outra língua no meu ouvido, fez isso até q eu me acalmasse.
- O que está acontecendo comigo? Digam !!! – Falei exasperada

Eduardo respondeu olhando para o chão.

- Nada foi provado ainda, mas minha investigação aponta uma grande descarga elétrica atraída pelo metal da âmbula que explodiu, também é possível que houve um curto-circuito na fiação da igreja o que provocou o incêndio, mas não posso provar nada ainda sem que os testes de laboratório das amostras que recolhi estejam prontos, como você foi vista muito perto do local onde ocorreram essas descargas, acreditamos que você foi atingida o que provoca essas dores de cabeça em você. Esperava que você estivesse melhor para que eu pudesse interrogá-la, mas percebi que você ainda não está em condições.

Simulei uma pequena dor de cabeça para comprovar o que ele disse, não estava para interrogatórios.

- Bom Sophia, desejo melhoras para você, nos veremos quando você estiver melhor – Eduardo saiu do meu quarto sem se despedir do padre, que o acompanhou até a porta e a fechou.

Ele voltou para o seu lugar, em uma cadeira ao lado da minha cama.

- Não foi isso o que aconteceu não é? – perguntei
- Não.
-Onde está John?
- Quem é John?
- O homem que me salvou você não o viu?
- Ninguém te salvou a não ser Deus, depois que todos estavam fora da igreja eu vi que você ainda estava lá e sozinha, caminhando em direção a cruz que pegava fogo e sem nenhuma explicação você deu meia volta para fora da igreja e caiu na escadaria, mas não havia ninguém com você, por sorte os bombeiros chegaram rápido e evitaram maiores danos a igreja, levamos você para o hospital e o médico te liberou no dia seguinte para ficar em repouso em casa.
-Padre o que está acontecendo com esta cidade?

Ele ficou em silêncio.


--Escrito por Lennon de.J.Cruz