quarta-feira, 13 de abril de 2011

Capitalismo Segundo Adam Smith.

Smith é o que podemos dizer de o “Pai da Economia Política”, ele foi o primeiro que nos mostrou os problemas da economia, ele colocou na “mesa” os principais assuntos que são discutidos até hoje, é importante dizer que ele deixou claro os problemas da economia, não que ele os solucionou.

Para entendermos a linha de pensamento de Smith, temos que tomar por base quatro filósofos: Hobbes, Locke, Hume e Hutcheson.

Hobbes acredita que a natureza humana está em um estado de guerra, que o homem busca a satisfação de suas necessidades pelo egoísmo e pela autoconservação.

Para Hobbes o homem conquista riqueza por meio da guerra. E se o homem se libertar a sociedade vai se auto-aniquilar e para isso não acontecer, deve-se criar uma instituição que a controle por meio de leis para assegurar o direito da propriedade, ou seja, o Estado.

Locke segue uma linha liberal, ele diz que existe uma natureza humana, mas o homem é bom e não vive em conflito, o que move o homem é o medo da miséria, por isso ele o previne trabalhando e acumulando propriedades, bens etc. Note que essa acumulação se dá pelo seu próprio trabalho. Para Locke cada um tem direito ao seu próprio trabalho e a sua própria terra, mas essa terra deve ter no máximo o tamanho suficiente para o seu trabalho.

Em Locke, o Estado se resume a segurança da propriedade e não deve interferir no trabalho humano.

Hume também afirma uma natureza humana, só que o que move o homem é tudo o que é bom, útil e agradável. Para Hume, ao contrário do egoísmo como cita Hobbes, os homens têm o sentimento de simpatia, no sentido de benevolência, ou seja, para Hume o homem quer o bem coletivo.

O homem transforma sua riqueza individual em riqueza social, com isso todos iriam enriquecer juntos e caminhar no mesmo caminho. O Estado não deve interferir nas relações humanas , sua única função é dar segurança à propriedade.

Hutcheson, mestre de Smith, afirma que a natureza psicológica humana é formada por um dualismo, onde o homem é ao mesmo tempo egoísta e altruísta. Smith segue essa linha de pensamento e afirma que homem é egoísta no fator econômico, pois busca pelo trabalho um meio de conquistar riqueza, esse seu trabalho cria riqueza individual.

Porém, com o exercício da simpatia, o homem desenvolve uma necessidade de relacionamento social e essa necessidade é manifestada na troca, a troca de diferentes trabalhos entre diferentes pessoas.

A troca é realizada no mercado, daí surge uma das principais idéias de Smith, para ele o mercado é livre, por isso a teoria smithiana segue uma linha liberal.

Smith define capitalismo como libertador, onde o homem pode manifestar livremente sua natureza, onde pelo trabalho e pela relação social é possível gerar riqueza social.

Um exemplo onde podemos ilustrar como a riqueza individual é transformada em riqueza social é o seguinte: Um produtor de sapatos produz seu produto para a sua subsistência e cria um excedente, esse excedente é levado ao mercado para ser trocado. Outro produtor, produz calças para sua subsistência e cria um excedente para ser trocado no mercado. No mercado esses dois produtores vão negociar seus produtos e assim por tanto aquele que tem necessidade de calças irá trocá-las pelos seus sapatos e vice e versa assim, o sapato que o produtor de sapatos produz também é do produtor de calças e suas calças também são do produtor de sapatos.

Por meio dessa dinâmica da troca, é possível a especialização, tomando como base o exemplo dos produtores de sapatos e de calças exemplifico: o produtor de sapatos antes precisava produzir suas calças, camisas, alimentos etc. Com a existência da troca, ele pode satisfazer suas necessidades a partir do mercado e se especializar apenas na produção de sapatos, assim ele produzirá mais e melhores sapatos e em menor tempo, com isso, o produtor de camisas pode fazer a mesma coisa e assim por diante.

Com essa especialização, Smith observa um fato importante na produção, a divisão do trabalho, ele explica o que é a divisão do trabalho a partir de uma fábrica de alfinetes assim resumida: Um operário sozinho talvez não conseguisse fabricar sequer um alfinete em um dia, com a divisão do trabalho dez funcionários empenhados em funções diferente, um desenrola o arame, outro endireita, outro corta, outro afia as pontas, outro coloca a cabeça e outro embala, assim em uma fabricação pequena esse grupo de trabalhadores conseguem em média produzir 48 mil alfinetes em um dia.

Smith coloca a divisão do trabalho como um fenômeno natural, cada um produz parte do produto para que seja gerada riqueza individual e social, com isso é como se cada trabalhador fosse uma engrenagem que contribuísse para o funcionamento geral da máquina.

No que a divisão do trabalho resulta?

A divisão do trabalho resulta no aumento da produção, da produtividade e da abundância. O trabalho produz riqueza, a divisão do trabalho potencializa a produção de riqueza, permite a especialização e a simplificação das tarefas, deixa o custo de produção mais barato e é possível a produção em máxima escala, tudo simultaneamente. Neste caso o trabalho perde a individualidade.

Trataremos agora de outro assunto referente à teoria de Smith. O que é riqueza? Qual é a sua forma?

Smith no capítulo cinco de seu livro “Investigação da Natureza e Causas da Riqueza das Nações”, diz o que diferencia um homem rico do pobre é o grau com que ele consegue satisfazer suas necessidades e desejos, mas com a divisão do trabalho, o homem pouco consegue satisfazer com seu próprio trabalho, portanto um homem é rico pela quantidade de trabalho que ele consegue comprar e ou comandar.

Sua forma é o valor, o valor é a quantidade de trabalho que cada mercadoria possui. Então o que difere o couro do sapato pronto é a quantidade de trabalho que foi agregado no processo de produção, para Smith o trabalho é a medida real do valor de troca de todas as mercadorias.

Valor de Uso

O valor de uso é determinado segundo a utilidade, é muito subjetivo, pois varia de pessoa para pessoa, não é possível determinar o valor pelo seu valor de uso, por causa dessa subjetividade.

Valor de Troca

O valor de troca está muito relacionado com a capacidade e a quantidade de trabalho que uma mercadoria é capaz de comprar ou comandar no mercado.

Em duas sociedades hipotéticas uma pré-capitalista e outra capitalista, temos alguns conceitos a serem explicados.

Na sociedade pré-capitalista, todo produto pertence ao trabalhador, o que vai determinar o valor de troca é a quantidade de trabalho gasto para produzir a mercadoria.

Dizemos então que preço real é a quantidade de trabalho = valor de troca

No capitalismo a quantidade de trabalho que a mercadoria compra/comanda é diferente da quantidade de trabalho que ela contém.

Assim quando a quantidade de trabalho é menor que o valor de troca, defini-se preço natural.

No preço natural o valor de troca é maior do que a quantidade de trabalho, pois é a soma do salário, da renda da terra e do lucro, podemos definir preço natural por PN=W+R+L.

A discussão agora gira em torno de onde vem o salário, a renda e o lucro.

O salário, diz Smith, é a quantidade mínima que o trabalhador precisa para subsistir. Smith diz ainda que a variação da população está ligada a oferta de trabalho, consequentemente à quantia paga ao trabalhador.

Smith analisa que quando o salário aumenta, a tendência da população é aumentar, com isso a oferta de trabalho aumenta, fazendo com que o salário diminua para o nível natural, de subsistência.

Quando o salário diminui, a tendência da população é diminuir, assim a oferta de trabalho diminui, fazendo o salário subir para o nível de subsistência. Com isso Smith diz que o salário tende sempre a chegar ao seu nível natural, que é o nível de subsistência.

A renda da terra, para Smith também é definida pela natureza, e é o aluguel que o proprietário cobra pelo uso da terra, essa renda é deduzida do produto global. É cobrada segundo a fertilidade da terra, esse é o seu diferencial, diferentes terras têm diferentes fertilidades.

O lucro é a remuneração pela antecipação do capital, uma porcentagem que o capitalista tem direito por ter antecipado o capital da produção. O grande problema para Smith é definir de quanto é essa porcentagem do lucro e de onde vem o lucro.

O lucro também é natural e é deduzido do produto global, ele se dá pela livre mobilidade do capital. O capital pode ser movido para um setor que está dando lucros acima do seu nível natural, mas isso diminui o lucro. Daí tiramos o preço de mercado, que é a oferta versus a demanda. Quando se aumenta a oferta o preço tende a cair e quando se aumenta a demanda e diminui a oferta o preço tende a aumentar. Quando a oferta é igual a demanda o seu preço é igual ao preço natural.

Com a definição de lucro, podemos entrar na teoria de desenvolvimento de Smith, ele fala que o lucro é a capacidade de comandar mais trabalho do que a mercadoria contém, permite aumentar a divisão do trabalho, o que potencializa a produção de riqueza, faz aumentar os lucros,o trabalho, a divisão do trabalho e de novo a riqueza, isso gera o que ele chama de efeito riqueza progressiva. Para Smith crescimento significa desenvolvimento.

A riqueza geral, riqueza das nações seria criada desde que os indivíduos tenham liberdade de manifestar sua natureza, para Smith todos enriqueceriam juntos e a sociedade iria se organizar naturalmente de forma a gerar riqueza para todos, é como se tivesse uma “mão invisível”, que organizasse tudo, mas só se não houver interferência.

Bibliografia:

NAPOLEONI, CLAUDIO, Smith, Ricardo e Marx, Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1978

SMITH, ADAM, Uma investigação sobre a natureza e Causa da Riqueza das Nações. Coleção Os Economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1983.


5 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto!!!!!!!!!!!!

teste disse...

Muda a cor de sua página, escura assim cansa a vista ao ler.

Unknown disse...

Parabéns amigo ,obrigado pelo trabalho !

Unknown disse...

Muito bom amigo, muito útil em meu trabalho pra faculdade, grato.

Unknown disse...

Obrigado. Foi muito útil seu texto pra mim :)

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